Porque hoje é dia mundial da poesia..


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Direcções Opostas



Talvez hoje ou nunca
Eu possa voltar a ver o dia como se fosse a primeira vez,
como, talvez, hoje ou nunca
possa sentir a energia e vitalidade
da emoção, de ver um novo sol, uma nova nuvem
e um novo céu.
Agora persiste em haver sempre
Um mesmo céu, sempre o mesmo chão e a mesma terra.


A cada passo que dê,
por cada chão que pise,
será sempre igual a si mesmo
será igual ao dia de ontem e de amanhã.


A paisagem permanece obscuramente estática
e nós submersos nas ondas do calor
onde os raios de sol
queimam as raízes da memória
e aquecem e aguçam o ódio.
O tempo que até então movia os contornos
das ideias e das palavras,
tornou-se numa espiral de sucessivos enganos,
onde anjos mudos contornam uma espécie de limbo sonolento
onde o silêncio é perpétuo e corrosivo, tão letal que corrói
cada segundo do pensamento.


No fundo desta incontornável espiral
o vazio é um vácuo de gritos, gritos mudos, lamentos...
Ninguém dorme, ninguém sabe, ninguém ama...




Poema de Alice S. Vieira in Diabolações





P.s. (não) parece que chegou a Primavera

1 comentário:

isa disse...

bem bónite esse poema :)
a mim parece claramente q chegou a primavera, quanto mais não seja pelao nariz inxado, a quantidade inacreditável de lenços ranhosos na mala e as mocas de zirtec á noite :)*