Fazes-me bem...
" Bebericou o leite morno e repetiu para si mesmo a expressão que encontrara. Uma distracção lúdica. Sim, era isso mesmo. Lena tornara-se um brinquedo; ela era o brinquedo que o fazia voar, a boneca que, mesmo por apenas uma ou duas horas, lhe apagava da memória os eternos problemas de saúde de Margarida e as obrigações para com Constança.
As preocupações quotidianas de Tomás eram a àgua e Lena era a esponja que as sugava; a amante tornara-se uma agradável diversão na sua vida, precisava dela para se distrair, para absorver as fontes de ansiedade que se acumulavam no dia a dia.
Era com ela que Tomás reorganizava as suas experiências e se tornava capaz de as colocar sob perspectiva; Lena ajudava-o a explorar os seus sentimentos, a experimentar comportamentos diferentes, a escapar às dificuldades da sua existência, de cerrto modo a relativizar as contrariedades, a distanciar-se para melhor as compreender.
Através da amante, Tomás sentia que aliviava as ansiedades que o oprimiam; a sua relação tornara-se uma espécie de valvula de seguança que o protegia da pressão diária dos problemas quotidianos."
José Rodrigues dos Santos in Codex 632
Obrigado pela surpresa
Obrigado pela noite..
És a minha valvula de segurança!
...Fazes-me bem!